Plenário cancela sessão especial em alusão a 64

Deputados deliberam, por 15 votos contra 6, o cancelamento de evento relativo a 31 de março de 1964, data que deu início à ditadura no país

Por Titina Cardoso, com edição de Angèle Murad | Atualizado há 1 ano

Deputada fala na tribuna e deputado em pé do plenário estende a mão em direção a ela
Decisão de cancelar sessão especial gerou debate no plenário / Foto: Lucas S. Costa

Por 15 votos a 6, os deputados decidiram cancelar uma sessão especial que ocorreria na quinta-feira (31), na Assembleia Legislativa (Ales), “em alusão aos 58 anos da revolução de 31 de março de 1964”, conforme proposta do deputado Capitão Assumção (PL) protocolada e aprovada em fevereiro na Casa. O evento foi questionado pela deputada Iriny Lopes (PT), que apresentou requerimento para cancelá-lo. O pedido de Iriny foi lido e votado pelo Plenário na sessão ordinária desta quarta-feira (30).

Confira o álgum de fotos da sessão

A pedido de Assumção, o requerimento teve votação nominal. Posicionaram-se a favor do cancelamento da sessão especial os seguintes parlamentares:  Adilson Espindula (PTB), Bruno Lamas (PSB), Dary Pagung (PSB), Dr. Emílio Mameri (PSDB), Freitas (PSB), Gandini (Cidadania), Hudson Leal (Republicanos), Iriny Lopes (PT), Janete de Sá (PSB), Luciano Machado (PSB), Luiz Durão (PDT), Marcos Garcia (PV), Marcos Madureira (PP), Raquel Lessa (PP) e Sergio Majeski (PSB). 

Votaram contra o requerimento e a favor da realização da sessão Capitão Assumção (PL), Carlos Von (Avante), Delegado Danilo Bahiense (PL), Pr. Marcos Mansur (PSDB), Theodorico Ferraço (DEM) e Torino Marques (PSL). O processo de decisão foi presidido pelo deputado Erick Musso (Republicanos), que se absteve da votação. 

Marcha pela família

Antes da votação do requerimento, o proponente da sessão especial explicou, da tribuna do Plenário, que o intuito do evento não era fazer alusão à ditadura, mas comemorar os 58 anos da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, série de manifestações ocorridas entre 19 de março e 8 de junho de 1964. “Provocaram uma fake news falando que estávamos fazendo alusão à ditadura”, defendeu Assumção.  

O parlamentar disse que a marcha foi, à época, uma resposta dos setores conservadores: “A Igreja Católica, os movimentos organizados e a sociedade civil foram às ruas temendo pelo comunismo (...). Em nenhum momento se falou em ditadura”, justificou o deputado. 

Assumção também criticou o fato de a Assembleia realizar sessões com a participação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e em homenagem à vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, política do PSOL assassinada em 14 de março de 2018, na região central da capital fluminense. 

No momento da votação, o presidente da Assembleia destacou que o nome da sessão especial requerida por Assumção era “em alusão aos 58 anos da revolução de 31 de março de 1964”, não em alusão aos 58 anos da Marcha da Família com Deus pela Liberdade. 

Após a aprovação do cancelamento pelo Plenário, Assumção manifestou seu descontentamento: “É um dia lamentável para a democracia (...) Eu não perdi. Quem perdeu foi o povo”, pontuou. 

Ditadura 

A deputada Iriny Lopes respondeu à fala de Assumção: “A ditadura foi um sangrento golpe que matou pessoas, dividiu famílias, separou filhos de pais, torturou, matou (...). Vejam o período citado pelo deputado. Preparou, sustentou e consolidou com o seu apoio social esse sangrento golpe, e qualquer atividade nesse sentido caracteriza crime de apologia à violência e improbidade”, proferiu.

A parlamentar, que participava de forma virtual, continuou seu discurso: “Essas coisas que marcaram a história do Brasil e são divisores de água entre democracia e tortura são centrais para os marcos civilizatórios. Vocês ficam falando em comunismo o tempo todo. Eu quero saber: onde tem comunismo nesse mundo? Efetivamente o que está em disputa é a vida e a morte, pobreza e riqueza, concentração de renda e abandono”, disse. 

A deputada Janete de Sá (PSB) também se manifestou. “Esta Casa deu uma demonstração de sanidade. Eu sou cristã, sou pela família. Mas sei que essa marcha foi um prenúncio da ditadura. Seria um retrocesso na Assembleia”, discursou. 

Enquanto Janete de Sá discursava, o deputado Capitão Assumção tentou interrompê-la. Janete disse que ”não seria agredida” por um homem dentro do Plenário e que ela foi “legitimamente eleita para cinco mandatos na Casa”. Iriny Lopes defendeu a colega: “Quero me solidarizar com a deputada Janete. Nenhuma de nós pode ter nossa fala cerceada ou qualquer tipo de assédio moral no nosso ambiente de trabalho.”

Quanto ao evento realizado na Ales sobre Marielle Franco, Janete também se posiconou: “Marielle foi assassinada. Uma mulher, política, e até hoje não se desvendou que mandou matar e por quê. Independente do que ela pensava, quero defender a memória de uma vereadora que foi assassinada”, disse. Já Iriny falou que continuará apresentando requerimentos “para trazer os movimentos sociais para dentro dessa Casa”. 

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