Mostra desvenda ES dos séculos 16 e 17

Até 12/12 é possível conferir a reprodução de mapas feitos por portugueses, holandeses e italianos 

Por Wanderley Araújo

Exposição de mapas
Pesquisa foi realizada pelo historiador capixaba Fábio Paiva Reis / Foto: Lissa de Paula

Uma mostra cartográfica aberta até o dia 12 de dezembro, no Espaço de Artes Elpídio Malaquias (pilotis da Assembleia Legislativa), traz a reprodução de alguns dos mapas mais antigos do Espírito Santo, feitos entre 1590 e 1670 por cartógrafos portugueses, holandeses e italianos. 

Como esses mapas eram desenhados na Europa a partir de informações sobre o Brasil repassadas por emissários, os originais estão no exterior, o que dificulta o acesso dos pesquisadores brasileiros. 

Segundo o historiador capixaba Fábio Paiva Reis, doutor pela Universidade do Minho (Portugal) e autor da pesquisa, alguns desses mapas são inéditos no circuito capixaba.  

Para consegui-los, o organizador do acervo “garimpou” durante cinco anos arquivos de Portugal, Espanha, França e EUA.  

“É um trabalho que oferece a possibilidade de nos aprofundarmos nos estudos sobre os primeiros séculos da presença principalmente dos portugueses na então capitania do Espírito Santo”, afirma. 

Olho holandês 

Uma das preciosidades da exposição “Mapas do Espírito Santo Colonial” é uma reprodução de desenho cartográfico do holandês Johannes Vingboons, feito por volta de 1665, que mostra navios espanhóis aportando em Vitória, numa época em que a Espanha e a Holanda estavam em guerra.  

Segundo Fábio Reis, isso demonstra que os holandeses tinham ciência da presença espanhola no litoral capixaba, numa conjuntura em que os desbravadores dos Países Baixos queriam dominar outra capitania no Brasil, pois haviam sido expulsos de Pernambuco. 

A constatação de Fábio é reforçada pelas interpretações que acompanham as reproduções dos mapas, segundo as quais os navios portando bandeiras espanholas parecem lembrar os conflitos entre a República Holandesa e o Império Espanhol, cujos monarcas foram também reis de Portugal entre 1580 e 1640, no período conhecido como União Ibérica. 

Nos relatos da exposição há citações de que o forte interesse holandês no Brasil está presente nos trabalhos de vários cartógrafos. O material que eles conseguiram reunir sobre o Brasil ajudou a orientar as incursões feitas no território nacional pela Companhia das Índias Ocidentais e para o governador Maurício de Nassau. 

Morro do Moreno 


De acordo com pesquisador, o Morro do “João Moreno”, que depois passou a ser denominado apenas por Morro do Moreno – hoje atração turística de Vila Velha –, aparece já nos primeiros mapas, em 1590. 

Outro topônimo desenhado nas primeiras obras cartográficas é o Mestre Álvaro, localizado no município da Serra. 

Outro destaque da mostra refere-se ao mapa mais antigo da Ilha de Vitória, datado de 1590, desenhado pelo cartógrafo português Luiz Teixeira. “Foi o primeiro desenho de Vitória. O valor dessa obra é inestimável”, ressalta Fábio. 

Lendas 

Conforme o historiador, os topônimos que surgiram mais tardiamente nos mapas coloniais capixabas estão localizados no interior do Estado. “Os afluentes do Rio Doce são alguns exemplos”, diz.
 
Fábio Reis relata que os mapas coloniais às vezes incluíam topônimos que sequer existiam, pois os emissários repassavam para os cartógrafos na Europa ficções contadas por índios e sertanistas. 

No caso do Espírito Santo a lenda mais notória registrada em mapa é a “Serra das Esmeraldas”, que estaria nos confins do interior do Estado. “Em um dos mapas, quase apagado, inseriram a Serra das Esmeraldas, que era uma lenda, mas que teve espaço nessa cartografia histórica”, conta o pesquisador. 

Valor artístico

Conforme explica o historiador, os mapas feitos no período colonial agregam também valor artístico, porque os cartógrafos eram pintores das cortes europeias. 

“Alguns mapas eram dados de presente para reis e integrantes da nobreza dos impérios instalados na Europa”, destaca Reis. 

Fábio explica que a exposição é um projeto pessoal. Para realizá-la buscou apoio por meio de uma campanha de financiamento coletivo no site Catarse. 

A temática colonial espírito-santense esteve presente em todas as etapas da carreira acadêmica do pesquisador capixaba.  

Antes do doutorado na Universidade do Minho, Fábio Reis graduou-se em História pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e concluiu mestrado na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. 

É autor de 10 livros e produz artigos para publicações. Atualmente trabalha como professor e criador de conteúdo na WAY American School em Belo Horizonte (MG). 

Serviço

Exposição “Mapas do Espírito Santo Colonial”.
Local: Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo
Endereço: Av. Américo Buaiz, 205 – Enseada do Suá 
Período: até 12 de dezembro de 2018.
Horário: 7 às 19 horas (segunda a sexta-feira) 

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